Pesquisa pretende registrar medidas de 10 mil voluntários de todas as regiões do país.
Lojas de roupas usam aparelho para saber dimensões corporais dos clientes.
O body scanner em uso (Foto: Heloísa Marra/G1)
De quantos biotipos é feito o povo brasileiro? É o que pretende descobrir uma equipe de 12 pesquisadores, formada por engenheiros têxteis, especialistas em modelagem, confecção, design, varejo, informática e estatística do Senai/Cetiqt, no Rio de Janeiro, com a ajuda de um scanner humano, o body scanner.
Importado dos Estados Unidos por US$ 120 mil, o aparelho é a mais nova sensação no mundo do design e da moda. Segundo Patricia Dinis, designer e consultora de modelagem, ele é usado com dois objetivos principais: “ler o maior número de corpos em menor tempo e estudar a variação de corpos e medidas”.
Para fazer um diagnóstico completo do corpo do brasileiro, a equipe pretende registrar as medidas de 10 mil voluntários de todas as regiões do Brasil. Fora do Brasil, grandes lojas de departamento como a Selfridges, em Londres, e as lojas da Levi’s já utilizam outras versões do scanner humano para saber com precisão qual a forma exata do corpo do cliente.
O aparelho é composto por uma cabine escura com jeito de provador de roupa e 32 sensores, 16 na frente e 16 atrás. Nossa cobaia foi a engenheira têxtil Ana Silvia Vielmo, que entrou sem pestanejar dentro do scanner. Na cabine, fechada por uma cortina, tirou a calça jeans e a camiseta, ficando apenas de calcinha e sutiã. Detalhe: a lingerie não pode ser preta porque os sensores não registram - mas são capazes de mapear a pele negra, pois esta reflete luz.
Acionado o aparelho, uma voz feminina em inglês, com direito a trilha sonora, instruiu Ana Silvia para posicionar os pés nos lugares marcados e esticar os braços sem tensionar demais o corpo, apoiando-os em suportes. Com a mão direita, ela acionou o botão, localizado num dos suportes, iniciando o processo. Em apenas 40 segundos, seu corpo apareceu mapeado em pontos coloridos na tela. A imagem em 3D é dada em preto e branco. A máquina capta mais de cem medidas do corpo humano.
Segundo Patricia Dinis, o aparelho é uma derivação do scanner e os primeiros leitores de corpo foram feitos para colocar as pessoas em ação nos filmes. Existe hoje um movimento mundial para se mapear as medidas do corpo humano pensando não só na moda mas na indústria automobilística, no mobiliário, numa sociedade onde o design de tudo o que nos cerca é cada vez mais pensado em termos de conforto e ergonomia.
Roupas encalhadas
Um exemplo disso foi a criação da World Engineering Anthropometric Research, da qual fazem parte várias instituições, entre elas, o Instituto Nacional de Tecnologia, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 2003 os Estados Unidos concluíram uma pesquisa antropomética, a SizeUsa com resultados surpreendentes.
Registro feito pelo Body scanner (Foto: Divulgação)
De acordo com o estudo, a população norte-americana tem crescido em altura e em peso. Os americanos, ainda segundo o estudo, têm aumentado mais rápido em peso do que em altura. E mais, a conclusão da SizeUsa foi que a maior parte das roupas oferecidas ao consumidor não corresponde ao tamanhos mapeados pela pesquisa. Isso significa maior encalhe do produto.
À medida que as pesquisas avançam no mundo, uma infinidade de tamanhos e biotipos vai aparecendo. Na Alemanha, segundo Ariel Vicentini, chegaram a cinco biotipos masculinos e três femininos.
A equipe no Brasil, que vem trabalhando junta desde 2005, definiu primeiro parâmetros de medida corporal, ou seja os pontos anatômicos mais universais. Os voluntários foram medidos da forma tradicional com fita métrica e responderam a um questionário com perguntas sobre condições sócio-econômicas, práticas esportivas e hábitos de consumo.
Na segunda fase, a medição manual está sendo comparada com a do scanner humano. Nessa etapa, o Senai convocou os alunos para a experiência. A maioria topou, mas, em alguns casos, o espírito científico esbarrou na vaidade. Teve muita gente que adiou a entrada no body scanner explicando: “deixa eu emagrecer um pouco para entrar”. Com toda a razão, porque o aparelho é implacável.
Psicologicamente magro
“No Brasil queremos mapear a regionalização da própria moda”, diz o coordenador de tecnologia do projeto. No país, segundo a equipe de pesquisa do Senai/Cetiqt, a maioria das marcas não segue a Norma NBR 13.377 (Medidas do Corpo Humano para Vestuário, Padrões Referenciais) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) pois a adesão é voluntária.
Essa padronização, entretanto, é fundamental para evitar prejuízos e principalmente permitir que o Brasil concorra em pé de igualdade no mercado global. Na falta de um padrão definido, muitas vezes, as grifes, segundo a equipe de pesquisa, usa uma modelagem maior para que o cliente sinta-se psicologicamente magro.
Fonte:
Heloísa MarraEspecial para o G1, do Rio
Robinson Leandro da Silva
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