sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Estudo da prospecção de tendência de moda e consumo

Parte 1:
Porque falar sobre isso?


Com o intuito de estabelecer e identificar práticas que permitam a compreensão das engrenagens produtivas do setor industrial de Moda, busquei organizar um texto que se propõe a apontar os elementos-chave que compõe o complexo processo que gira em torno da previsão de demanda, prospecção de mercado e perfil de consumo.

É este filtro de informações, que torna o papel do prospector de Moda imprescindível para a indústria, pois lhe proporciona maior segurança e estabilidade.

Com a crescente sedimentação dos mais atuais tipos de valores evolutivos da sociedade, o homem hoje está inserido em dois modelos, um que prima pelo conhecimento e outro que se fundamenta no consumo.

O pesquisador de tendências aponta ferramentas que são um dos principais agentes redutores de risco para os investimentos das indústrias que compõe a cadeia têxtil. E é deste setor a propriedade dos maiores poderes de indicar uma tendência. Isso se dá porque é nele, que estão situados os agentes de maior poder econômico e estruturais, tais como indústria de corantes, fiações e tecelagens.

A atividade de um previsor de tendências é um trabalho sedimentado em um emaranhado de fundamentos, que permeiam conhecimentos não só da área de Moda, mas também de marketing e de administração. A necessidade de justificar as práticas consumistas em torno da descoberta das necessidades das pessoas e da procura de objetos para satisfazê-las, faz do cool hunter um previsor de demanda e comportamento.
Segundo Grossman, o cool pode ser considerado uma substância invisível, impalpável, que pode fazer uma determinada marca de qualquer mercadoria – um tênis, uma calça jeans, um filme de ação – fantasticamente valioso.
Já o termo cool hunter, foi utilizado pela primeira vez em 1997 numa reportagem do jornal americano The New York Times.

A metodologia habitual de pesquisa consiste em sua maioria de: análise teórica em livros de Moda, Marketing,áreas correlatas, periódicos, revistas de Comportamento, Design e Negócios, artigos virtuais, sites, portais de pesquisa de tendências de consumo e participação em eventos de Moda e áreas complementares, como marketing, comunicação,arte, design... Enfim tudo o que é necessário para se confirmar um caminho de consumo.
GROSSMAN, Lev. The quest for cool. Time. 08 set. 2003.
Parte 2:
O que é uma tendência?
Segundo o dicionário universal da língua portuguesa on-line, tendência é:
disposição natural e instintiva; pendor, propensão, inclinação, vocação.Força que determina o movimento de um objeto. Disposição do modo de ser.

Seu conceito é diretamente associado à Moda, tendência retrata-se como um fato social e oferece idéia de difusão, e para que isso se torne realidade juntamente com os fenômenos de Moda, depende dos processos de comunicação.

Dário Caldas afirma que: Comum somente às ciências naturais até o século XIX, foi nesse período histórico, com a democratização de idéias de progresso e evolução no senso comum, que o conceito encontrou uma situação propícia para se difundir: A origem de todas as tendências parte das idéias de progresso e evolução, que Darwin apresentou.

CALDAS, Dario. Observatório de sinais: teoria e prática da pesquisa de
tendência. Rio de Janeiro SENAC.

Parte 3:
E a tendência de Moda?


Uma tendência é o que vem a originar um fenômeno de moda, ponto máximo da difusão de ocorrências num espaço, conjunto ou grupo. No caso específico do universo da aparência e do vestir, as várias tendências que compõem o que será reconhecido como estilo de uma estação, resultam da atividade dos componentes da cadeia têxtil, com as indústrias de corantes, fiações, tecelagens, criadores, marcas de prêt-à-porter, confecções, varejo, escritórios de tendências, consultores de moda, mídia especializada e consumidores.

Para que uma tendência se realize como moda, ela precisa ser escolhida dentre várias outras propostas, e legitimada com legitimação variável, dependendo de sua posição na rede de relações, concretas e simbólicas, que o campo possui, deve ser compartilhada .

É dessa maneira, sendo transmitido e comunicado de elo em elo, que o fenômeno da tendência, no universo da moda, acaba por assumir a definição de atenuador de risco.

Com a febre de divulgação das tendências, a mídia não se cansa de propor novas direções a seguir. Informação ao público, orientação para o mercado ou uma nova e eficiente forma de controlar a demanda?, questiona Dário Caldas.

CALDAS, Dario. Observatório de sinais: teoria e prática da pesquisa de
tendência. Rio de Janeiro: SENAC.

Parte 4:
Outras considerações sobre tendência de moda e prospecção


Embora tardiamente, o Brasil integra-se no início da década de 90 ao novo contexto mundial. As reformas estruturais realizadas no período, sobretudo a abertura comercial obrigou as empresas nacionais a uma reestruturação, fazendo com que as novas tecnologias e formas de gestão fossem incorporadas ao processo produtivo.

Indicativos mostram um elevado aumento de produtividade nas empresas brasileiras, mas com uma considerável redução na força de trabalho, principalmente no setor industrial,colaborando para a elevação dos índices de desemprego.

O criador está inserido numa cadeia produtiva, numa equipe de produto, considerando a hipótese deque, hoje, não se acha a figura do estilista como existiu anteriormente, pois há um grupo desenvolvendo os produtos.

A oferta de soluções sofre um questionamento extremamente pertinente: há criação nos moldes do desenvolvimento de Moda atualmente?

O processo de pesquisa e prospecção na área de Moda já é bastante conhecido e aplicado dentro dos setores produtivos na área têxtil. Suas funções são extremamente versáteis, permitindo o emprego dos métodos em todos os segmentos da cadeia produtiva, desde a área de químicos e corantes até os pontos de venda.

Porém sua metodologia é pouco compreendida, tanto no que compõe a estrutura, quanto o seu papel determinante e relevância, o que acarreta, por vezes, numa falta de sinergia e uniformidade nos processos de pesquisa e identificação, carência de métodos, embasamentos empíricos e superficiais, o que pode construir um trabalho de credibilidade duvidosa.

Esse desconhecimento gera a falta de compreensão por parte dos agentes que solicitam o serviço, como também dos estudantes e profissionais que anseiam por uma delimitação das habilidades e técnicas deste agente de informações direcionadas.

Meu principal propósito é o de delinear paradigmas, a construção das etapas e confluências que sedimentam a atuação do prospector de tendências de Moda ou Cool hunter.

Parte 5:
Como se dá a validação das tendências?


A validação das tendências passa por diversas influências de natureza econômica, demográfica, estilos de vida. Sua efetivação tem a força de legitimação do ato, para que se torne eficaz ou produza efeitos de valor de uso nos objetos, e o que predomina é seu valor-signo, sua capacidade de influenciar.

Os indicadores das novas tendências mudam constantemente de objetos, assim como retornam ao que, anteriormente, foi considerado ultrapassado. Não há coerência e sim contradição, já que o valor da moda é reversível,os efeitos de beleza, o sentimento de utilidade e distinção estão nos mais diversos objetos.

Parte 6:
Quais os instrumentos e algumas dicas para quem quer trabalhar como cool hunter!
Como ferramentas de suporte para este tipo de trabalho, temos os escritórios virtuais de pesquisa de tendências de consumo no mundo, que monitoram de forma sistemática e estruturada, os diversos ambientes que englobam o setor.
O principal propósito desses bureaux ,consiste em oferecer informações coletadas por uma rede de informantes, com a antecipação necessária para que a industria elabore ações e produtos de acordo com a demanda identificada entre o nicho de consumidores Alfa, que de acordo com Grossman são as pessoas cool que influenciam os não cool, e estes os seguirão.

No Brasil, dentre o mais difundidos, está o portal Use Fashion, que oferece informações também em português. No contexto mundial o portal de maior respaldo é o inglês WGSN, por sua amplitude de informações, que permite sua aplicabilidade a outros setores que não estejam ligados diretamente à Moda. O mais tradicional e antigo é o Promostyl, que apresenta as informações de forma mais objetiva em comparativo com os demais.
Parte 7:
Qual a moral dessa história?


Conseguir confirmar a importância desse tipo de profissional, que é extremamente valorizado e relevante no ambiente externo. Já aqui no Brasil a classe passa por uma transição onde esses fundamentos estão em plena evolução e tornam-se primordiais e exigidos, devido à cobrança do mercado globalizado.
Da mudança do sistema produtivo de Moda dos anos 50 quando se institui o prêt-a-pôrter até essa nova era, denominada de Sociedade do Conhecimento, que trás em seu bojo a obrigatoriedade da adoção de novos modelos produtivos e de relacionamento entre agentes econômicos, o papel desse profissional vem crescendo dentro do sistema produtivo industrial.
Sua importância se deve a principal característica de atuar como direcionador e redutor de riscos, pois desde a década de 90, o advento da globalização, somado a uma crescente incorporação de inovações tecnológicas no processo produtivo, contribuiu para a formação de uma nova ordem econômica mundial, com oportunidades, ameaças, potencialidades e pontos fracos, que influenciam no cumprimento do desenvolvimento de produto.
O macro-objetivo do prospector de Moda, está associado à finalidade de suprir a necessidade de prospectar insumos, prever hábitos de consumo, estabelecer métodos de identificação das tendências, definição da periodicidade e perenidade das mesmas, como também a criação de hábitos e produtos em sintonia com a demanda do mercado global.
Uma das principais dificuldades é a carência teórica e bibliográfica na língua portuguesa, o que dificulta a difusão da importância e das etapas que constituem o processo de pesquisa e prospecção de tendências.

fonte:
www.profissaomoda.com.br
artigo:
Raquel Tavares

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