domingo, 11 de março de 2012

Tecnologia do Vestuário - Parte 2


ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS NA CONFECÇÃO



1. ARMAZENAGEM



- Nunca armazenar o tecido em pilhas com rolos cruzados (fogueira), pois esse procedimento poderá deformá-lo e causar ondulações no enfesto.

- Ao manuseá-lo, evitar bater com a ponta do rolo no chão.

- O local de estocagem dos rolos deverá estar protegido contra umidade e luz solar direta.

- Sugerimos que o tecido permaneça separado por nuance ou por romaneio quando for o caso, a fim de facilitar a separação para o corte.



2. CONFECÇÃO



2.1 MODELAGEM

- No desenvolvimento dos modelos, é essencial conhecer o valor específico de encolhimento e alongamento (em caso de tecidos com elastano) do tecido a ser trabalhado.

- A alteração das dimensões do tecido durante a lavagem (estabilidade dimensional) deve ser verificada antes de enfestar e cortá-lo, e os moldes devem ser então conferidos em relação à sua estabilidade.

- As dimensões devem ser medidas antes e após as amostras lavadas, depois de acondicionadas por 24 horas, sob pena de resultar em tamanhos errados para peças confeccionadas.

- A peça-piloto servirá como base para o fornecimento dos dados de encolhimento e alongamento e deve ser feita sempre que for recebido um tecido novo.

- Os piques de orientação para as operações de confecção (fechamento lateral, entre pernas, vista, etc.) devem estar indicados na modelagem.

- A marcação do fio do tecido deverá estar indicada na modelagem.



2.2 RISCO

- Nessa operação, deve-se riscar o molde tal que todas as partes sigam a mesma direção de textura (sentido de construção do tecido), para evitar rugas e melhorar a costura.

- Obedecer à marcação do fio indicada na modelagem.



2.3 ENCAIXE

- Posicionar as partes da modelagem de maneira a obter o melhor aproveitamento do tecido.

- O encaixe deve ser efetuado tendo-se como base esquadro e fio de urdume, a fim de evitar que ocorra torção nas peças prontas.

- Os componentes estreitos, como as cinturas, devem ser planejados no sentido do comprimento da peça, a fim de evitar entortamentos e enviesamentos no processo de confecção.



2.4 ENFESTO

- Não utilizar objetos cortantes para abrir as embalagens, a fim de evitar danos à superfície do tecido e, consequentemente, perda de peças confeccionadas.

- As tensões aplicadas durante o enfesto devem ser uniformes e as mínimas possíveis para que não ocorram estiramentos nem ondulações nas ourelas.

- Obedecer às orientações de nuance para evitar diferenças de tonalidade diferente.

- É importante que, após enfestar o tecido, não haja demora demasiada na efetuação do corte, porque, a exemplo de outros materiais celulósicos, mudanças climáticas podem levar ao encolhimento ou crescimento do tecido enquanto ele ainda se encontra na mesa de corte.

- Na eventualidade de usar alfinetes ou grampos para fixação do risco, o que não aconselhamos utilizá-los nas áreas que serão descartadas como retalho.

- Os tecidos com elastano devem descansar em fraldas por, no mínimo, 24 horas antes de ser enfestado, devendo-se evitar tensões excessivas durante o enfesto e não ultrapassar a altura do mesmo além de 15 cm.

- O número de folhas no enfesto para tecidos leves e médios varia de 80 a 100 e, para tecidos pesados, de 60 a 80, a fim de facilitar o desempenho do cortador, diminuir o desgaste do maquinário e manter o nível de qualidade do corte dentro dos padrões aceitáveis.



Obs.: Observar, nos casos de tecidos peletizados, os cuidados no enfesto e na confecção, a fim de evitar a sensação de diferença de tonalidade causada em função do sentido dos pelos do processo de peletização.



Nota: É importante a observação dos defeitos no ato de enfestar o tecido, a fim de diminuir o número de confeccionados classificados como de segunda qualidade.

O tecido da São José é classificado e recebe pontuação por demérito de defeito de acordo com a norma NBR 13484, em que temos a seguinte classificação:



·         Defeitos com até 7,5 cm: 1 ponto

·         De 7,6 cm a 15,0 cm: 2 pontos

·         De 15,1 cm a 23,0 cm: 3 pontos

·         Acima de 23,0 cm: 4 pontos



O tecido é considerado perfeito até 35 pontos por 100 metros quadrados, sendo classificadas como defeito as irregularidades encontradas na superfície do tecido.

Os defeitos de 3 e 4 pontos são considerados mais graves por acarretarem um número maior de perdas em peças confeccionadas e, portanto, recebem uma marcação com pino plástico na ourela indicando o local exato onde o defeito se encontra, a fim de facilitar a visualização e retirada do enfesto.

Em função da gravidade desses defeitos, alguns cuidados podem ser tomados para minimizar o percentual de peças desclassificadas.

- No risco, ao efetuar o encaixe, sempre que possível, procurar deixar pontos de emenda, a fim de facilitar a retirada dos defeitos mais graves no ato do enfesto.

- Caso o tipo de encaixe não permita emendas, procurar, ao enfestar o tecido, visualizar os defeitos mais graves (marcados) e retirar a folha de enfesto que contiver o defeito, aproveitando-a separadamente em riscos e enfestos menores.

- Vale lembrar que a não retirada dos defeitos de 3 e 4 pontos poderá acarretar um aumento significativo do número de peças desclassificadas, uma vez que esses defeitos abrangem quase toda a largura do tecido, e, de acordo com o tipo e o tamanho dos artigos a serem produzidos, cada defeito poderá classificar quatro ou mais peças.



2.5 CORTE

- A precisão do corte é fator fundamental para a boa qualidade no fechamento das peças. A mesa deve ser horizontal e bem nivelada, com superfície lisa e largura uniforme.

- Para obter cortes mais precisos e eficientes, usar lâminas bem afiadas, tomando sempre o cuidado de renová-las quando necessário.

- Observar sempre se a velocidade da máquina de corte atingiu a rotação ideal para o perfeito corte do tecido enfestado, assim como o nível da máquina e as boas condições da mesa.

- No corte dos piques, cuidar para que sua profundidade não ultrapasse 3 mm, evitando-se esgarçamentos futuros.



2.6 SEPARAÇÃO E ARMAZENAGEM DAS PEÇAS CORTADAS

- Evitar marcações no lado direito do tecido com giz, caneta, tintas ou etiquetas colantes, pois podem ocasionar marcas que não somem no processo de lavagem.

- Observar, na separação dos lotes, as marcações de mudanças de tonalidade dos rolos existentes no enfesto.

- Após o corte, as pilhas devem permanecer em local plano e armazenado em paralelo, a fim de evitar ondulações ou vincos que poderão ocasionar problemas na confecção.

- Cuidar para que não haja altura excessiva na pilha, não prejudicando, assim, as peças de baixo.

- Não deixar que os pacotes cortados descansem por muito tempo antes do processo de costura.

Em se tratando de tecidos com elastano, não ultrapassar 48 horas.

- Cuidar para que as amarrações dos pacotes não causem deformações nas peças cortadas, principalmente durante o transporte, quando este for necessário.



2.7 COSTURA

- Deve-se observar a compatibilidade entre agulha e linha de acordo com o peso do tecido.

- Não esticar ou puxar o tecido durante a costura a fim de evitar deformidades.

- Procurar seguir os piques de orientação da modelagem, principalmente nas operações de fechamento, a fim de evitar torções.

- Utilizar no interlock bitola mínima de 1 cm para evitar esgarçamentos.

- Padronizar o número de pontos de acordo com o peso do tecido.

- Observar na formação do ponto a regularidade e a tensão do mesmo.

- As peças confeccionadas com tecidos profissionais não podem ser costuradas com linha 100% algodão, devendo utilizar linhas mistas de poliéster e algodão ou 100% poliéster.

- As peças confeccionadas com artigo PT devem ser costuradas com linha 100% algodão, tomando cuidado, nesse caso, para que os pontos fiquem mais frouxos que de costume, a fim de evitar rompimentos após o tingimento, em virtude do maior encolhimento da linha em relação ao tecido. Pode-se também utilizar linha 100% poliéster na cor em que as peças serão tingidas. Vale lembrar que, nesse caso, não será possível a modificação da cor após o processo de confecção.

- Nas peças confeccionadas com artigos que contenham elastano, utilizar sempre agulhas de ponta bola, reduzir a velocidade das máquinas em 25% e controlar a tensão da linha de modo a obter boa aparência na formação do ponto e na costura. Utilizar máquinas de ponto corrente em costuras que exigem elasticidade.



TECIDOS LINHA AGULHA LINHA BOBINA AGULHA

·         Leves 80 a 120, 80 a 120, 80 a 90, ponta fina/bola.

·         Médios 35 a 50, 50 a 80, 100 a 120, ponta fina/bola.

·         Pesados 25 a 35, 50 a 80, 110 a 130, ponta fina.



INDICAÇÃO DE PONTOS POR CM



TECIDOS PONTOS POR CM

·         Leves 4 a 5 pontos/cm

·         Médios 3,5 a 4,5 pontos/cm

·         Pesados 3 a 4 pontos/cm



TABELA DE PESOS DE TECIDOS CONFORME NORMA NBR 14634

·         LEVE: De 170 a 240 g/m² (5 oz a 7 oz)

·         MÉDIO: De 241 a 410 g/m² (7,1 oz a 12,1 oz)

·         PESADO: De 241 a 410 g/m² (7,1 oz a 12,1 oz)

Observações importantes:

- Bolsos chapados: fixá-los com pesponto duplo (quando em calças) para dar maior segurança.

- Travetes: É recomendada a utilização de travetes nos pontos vulneráveis dos confeccionados, tais como: cantos dos bolsos (traseiro e dianteiro), dependendo do modelo; entre pernas, na junção dos ganchos; final da braguilha e J da braguilha, para dar maior segurança no vestimento da peça; passadores. Para jalecos ou camisetas, recomenda-se arremate nos cantos dos bolsos ou travetes, dependendo da necessidade.

- Caseados: Calças no sentido horizontal para cós e vista, aventais e jalecos no sentido horizontal, camisetas no sentido vertical.

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