Pierre Cardin apresentou coleção em Paris
Foto: Daniela Fetzner/Especial para Terra
Prestes a completar 90 anos, Pierre Cardin não quer nem pensar na data. "Não vamos falar disso, aniversário é para jovens. Eu quero é beber champanhe", disse o estilista, com uma taça na mão, neste domingo (1), no palácio Brongniart. A comemoração hoje é outra: a coleção que acaba de apresentar em Paris, dentro da Semana de Moda Masculina, depois de dois anos de ausência nas passarelas. Em entrevista, Cardin disse que seu objetivo é "morrer trabalhando".
Com mais de 60 anos de experiência e um lugar notável na história da moda, Pierre Cardin não se ajusta às imposições do calendário de desfiles. A coleção que apresentou não tem estação definida, não se restringe aos homens nem segue tendências. Foram 110 looks em cerca de 45 minutos de desfile, uma eternidade para o padrão frenético das semanas de moda, exibidos por modelos descontraídos e sorridentes. “A roupa é para ser vestida por pessoas de verdade, não soldados de chumbo andando na passarela”, afirmou. “Quero mostrar a realidade”.
E a realidade de 2013, para o estilista, é fiel a seu estilo. Nesta coleção, ele revisitou vários clássicos, como as formas bastante estruturadas, muitas vezes circulares, os recortes geométricos, detalhes em borracha, textura de gomos ou ainda os vestidos ondulantes com aros na saia. O carro-chefe foram os casacos sem mangas que, usados sobre uma roupa preta justa, lembravam seus icônicos cosmocorps da década de 1960.
Em entrevista ao Terra, Pierre Cardin – que disse adorar o Brasil e arriscou até algumas frases em português – negou que suas criações estejam presas ao passado. “O que me inspira é o que não existe”.
Para quem inventou o conceito de prêt-à-porter, a moda unissex e o licenciamento de marcas – que o tornou uma das grandes fortunas da França -, será que ainda existe espaço para revolução? “A revolução é isso que você acabou de ver”, disse. “São homens e mulheres com os braços de fora, são os sem mangas” – ou os “sans manches”, em francês, uma referência aos “sans culottes” da Revolução Francesa.
De volta ao passado ou de olho no futuro, o fato é que Pierre Cardin ainda atrai as atenções, mesmo que seja mais em reverência à sua trajetória do que na expectativa de uma nova revolução. Aplaudido de pé ao final do desfile, ele parece satisfeito. “Meu prazer é meu trabalho”, disse o criador, e garante nunca ter pensado em se aposentar. “Se eu quisesse me aposentar, já o teria feito há muito tempo. Mas vou me aposentar para quê? Para me entediar? O objetivo da minha vida é morrer trabalhando”.
Robmaq Moda | Notícias de Moda Eventos 035.01.JULHO-2012 | robmaqmoda@robmaqmoda.com.br
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